A resistência e o acatamento à República no seio do clero português

Resistências e acatamentos não podem ser ponderados como realidades circunscritas e antagónicas. Onde termina o acatamento e se delineia a resistência? Se entre os membros do chamado alto clero parece existir um relativo consenso quanto ao modelo de actuação, no respeitante ao clero mais dependente...

Full description

Saved in:  
Bibliographic Details
Main Author: Moura, Maria Lúcia de Brito (Author)
Format: Electronic Article
Language:Portuguese
Check availability: HBZ Gateway
Journals Online & Print:
Drawer...
Fernleihe:Fernleihe für die Fachinformationsdienste
Published: Centro de Estudos de História Religiosa 2011
In: Lusitania sacra
Year: 2011, Volume: 24, Pages: 25-41
Further subjects:B Anticlericalismo
B Republicanos e monárquicos
B Centro Católico Português
B Perseguição e pacificação
Online Access: Volltext (kostenfrei)
Volltext (kostenfrei)
Description
Summary:Resistências e acatamentos não podem ser ponderados como realidades circunscritas e antagónicas. Onde termina o acatamento e se delineia a resistência? Se entre os membros do chamado alto clero parece existir um relativo consenso quanto ao modelo de actuação, no respeitante ao clero mais dependente a zona de fronteira entre os que acatam as normas republicanas e os que a elas resistem expande‑se por um espaço muito difuso onde têm cabimento pensionistas e não pensionistas (poderíamos mesmo alargar a republicanos e monárquicos). Interesses económicos, solidariedades e dependências, maior ou menor “vanguardismo” das autoridades locais, pressões desencontradas, cruzam‑se numa multiplicidade de matizes que não é legítimo escamotear ou simplificar. Em numerosas ocasiões, as clivagens políticas do tempo da Monarquia – onde, não raramente, o padre constituía uma peça fundamental nas guerras entre clientelas eleitorais – retemperaram‑se no regime nascente, em que o novo ordenamento proporcionava oportunidades de ajustes de contas que tinham como alvo esse padre ex‑influente encarado agora, por razões que não se restringem ao político, como símbolo de todo um passado que se repudiava.
Resistance and compliance cannot be considered as circumscribed and conflicting realities. Where does compliance finishes and resistance emerges? If among the members of the so‑called high clergy there seems to be a relative consensus on the model of action, regarding the more dependent clergy, the border zone between those who comply with the Republican rules and those who resist extends across a very diffuse area where we can find pensioners and non pensioners (one might even extend it to Republicans and Monarchists). Economic interests, solidarities and dependencies, more or less “vanguardism” of local authorities, unmet pressures, cross each other in a multitude of hues that is not legitimate to hide or simplify. On numerous occasions, the political divisions of the time of the Monarchy – in which, not rarely, the priest was a key part in the conflicts between electoral clientele – were refreshed in the new regime, because the new situation provided opportunities for vendetta, now that the otherwise influent priest, for reasons that are not restricted to the political field, was seen as a symbol of a rejected past.
ISSN:2182-8822
Contains:Enthalten in: Lusitania sacra
Persistent identifiers:DOI: 10.34632/lusitaniasacra.2011.5725