Um franco atirador numa guerra de cem anos: o padre Pedro Borges e a questão das paróquias na Goa da Contra-Reforma

Embora em Goa tenha sido criado em 1541 um seminário para formar clero nativo, os sacerdotes diocesanos eram aí ainda escassos no terceiro quartel de Quinhentos. Isso levou el-rei D. Sebastião a pedir ao papa um indulto, autorizando que fossem confiadas paróquias ao clero regular, que nessa época co...

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Main Author: Thomaz, Luís Filipe F. R. 1942- (Author)
Format: Electronic Article
Language:Portuguese
Check availability: HBZ Gateway
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Fernleihe:Fernleihe für die Fachinformationsdienste
Published: Centro de Estudos de História Religiosa [2018]
In: Lusitania sacra
Year: 2018, Volume: 38, Pages: 79-154
IxTheo Classification:KAH Church history 1648-1913; modern history
KBM Asia
KDB Roman Catholic Church
RB Church office; congregation
Further subjects:B clero local
B Goa
B língua concanim
B jurisdição sobre as paróquias
Online Access: Volltext (kostenfrei)
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Description
Summary:Embora em Goa tenha sido criado em 1541 um seminário para formar clero nativo, os sacerdotes diocesanos eram aí ainda escassos no terceiro quartel de Quinhentos. Isso levou el-rei D. Sebastião a pedir ao papa um indulto, autorizando que fossem confiadas paróquias ao clero regular, que nessa época começava a afluir do Reino em grande número. Isso criou uma situação de conflito com os arcebispos que, logicamente, preferiam o clero secular nativo, que deles dependia diretamente, aos regulares que tinham os seus próprios superiores e superiores-gerais em Roma, onde moviam influências para obter privilégios que os eximiam parcialmente da jurisdição dos arcebispos. Para mais, a despeito das determinações dos sucessivos concílios provinciais de Goa, os religiosos, quase todos reinóis, raramente falavam a língua local, o concanim, pelo que chegavam a extremos como ouvir confissões por meio de intérprete. Os arcebispos tentaram a partir da última década de Quinhentos retomar o controlo sobre as paróquias, mas devido às manobras dos religiosos e às suas maquinações quer junto da Coroa quer junto do papado, só em 1767, após 172 anos de luta surda, o lograram inteiramente. Foi no contexto desta luta que em 1657 um padre goês de origem bramânica, o Pe. Pedro Borges, antigo notário da Inquisição e cura da paróquia suburbana de Santa Luzia, se dirigiu secretamente a Roma pela via do Próximo Oriente, a fim de expor diretamente o assunto ao Papa. Não obteve plena satisfação, pois as mais das paróquias continuaram confiadas aos religiosos, mas obteve pelo menos um breve pelo qual o pontífice proibia os maus tratos aos cristãos nativos e outros excessos dos religiosos. Publica-se em apêndice o discurso que pronunciou na presença de Alexandre VII, bem assim como o breve papal e o decreto, no mesmo sentido, da Sagrada Congregação De Propaganda Fide.
ISSN:2182-8822
Contains:Enthalten in: Lusitania sacra
Persistent identifiers:DOI: 10.34632/lusitaniasacra.2018.9608